O Apartheid
Fonte: Desconhecido
No Apartheid, a segregação se estendia até no uso de bebedouros
Com a vitória do Partido Nacional nas eleições gerais de 1948 - fruto da fusão dos até então Partido Nacional Reunido e o Partido Africâner Depois -, uma política segregacionista passou a ser implantada, perdurando até 1994. Dessa forma, o racismo passou a ser legalmente previsto na África do Sul, uma vez que o apartheid se caracterizou como uma ferramenta de imposição da supremacia branca.
Para manter essa estrutura, foi imprescindível investir em dois elementos fundamentais: vigilância e repressão à oposição. Nessa conjuntura, os brancos, minoria, eram os protagonistas de um cenário em que quaisquer envolvimentos inter-raciais, sejam casamentos ou relações sexuais, por exemplo, eram proibidos e punidos até mesmo com prisões. Aliás, os trabalhos mais pesados eram atribuídos aos negros, que foram consolidados como mão de obra barata para as oligarquias. A burocracia se tornou ainda maior, pois a circulação era controlada e cheia de diferentes tipos de restrições. Desse modo, a população negra deveria andar com cadernetas por conta da conhecida Lei do passe – a polícia requeria sempre o documento.
Com o pensamento do desenvolvimento separado, a segregação das raças também era ampliada para “áreas de uso comum”, visando evitar o contato entre o povo superior – como os brancos se autoproclamavam – e a população inferior – como os negros eram tratados. Essa “repartição” ainda foi estendida a serviços públicos de transporte, como ônibus, bem como outros locais, como bebedouros, praias e restaurantes, por exemplo. Haja vista todas essas situações de cunho racista, uma série de reações começou a eclodir pelo país.
Vale ressaltar que desde o início do século XX já existiam grupos que lutavam em prol de representatividade para a população negra, especialmente o Congresso Nacional Africano (ANC) – que surgiu nesse período. Isto posto, durante a década de 1940, por exemplo, tal organização conseguiu organizar mais de quarenta greves. Com o apartheid, a resistência pacífica passou a não ser mais o foco principal, por isso, boicotes e movimentos armados, sob a liderança de Nelson Mandela (1918 – 2013), ganharam força. Desse modo, o Massacre de Shaperville (1960), incidente em que policiais atiraram em ao menos cinco mil pessoas, serviu como estopim de revoltas mais contundentes. No entanto, Mandela acabou sendo preso em 1962, e condenado à prisão perpétua dois anos depois. Apesar disso, as lutas continuaram.
Assim, as décadas de 1960 e 1970 acabaram sendo marcados pela escalada da violência. Em 1976, por exemplo, registros de uso descomunal da força, por parte da polícia local, tornaram-se recorrentes. À vista disso, uma ação policial contra um protesto de estudantes em Soweto, Johanesburgo, exemplificou esse cenário. Na ocasião, mais de 600 manifestantes foram mortos e 13 mil presos. Além disso, Steve Biko, líder do protesto, morreu após ser torturado. Com a repercussão mundial de tal caso, a ONU aumentou as pressões contra o regime, fortalecendo o isolamento do país. Dessa forma, nos anos 1980, a comunidade internacional passou a intensificar embargos à África do Sul, momento que causou, à nação, a demandada de muitos investimentos estrangeiros.
Entretanto, no começo da década de 1990, por intermédio da libertação de Mandela, bem como a fragilização do Partido Nacional, novas eleições foram realizadas. Destarte, Nelson Mandela, ícone da luta contra o regime, foi eleito presidente em 1994, marcando o término do apartheid.
Referências bibliográficas
O GLOBO. APARTHEID na África do Sul. 2015. Disponível em: <http://educacao.globo.com/artigo/apartheid-na-africa-do-sul-segregacao-racial.html>. Acesso em: 29 maio 2017.
ANDRADE, Ana Luíza Mello Santiago de; MACEDO, José Rivair. Apartheid. 2013. Disponível em: <http://www.infoescola.com/história/apartheid/>. Acesso em: 29 maio 2017.